Posso te assegurar que você não está enlouquecendo!
Quando somos acometidos pela perda de um amor, ficamos anestesiados, amortizados e completamente fora do nosso eixo.
A verdade é que nosso cérebro produz essas sensações propositalmente para nos proteger do impacto dessa dor.
Jamais teríamos a capacidade humana de absorver o luto de uma só vez, entraríamos em colapso.

Parece que estamos vivendo no modo câmera lenta, uma sensação horrível de que perdemos a nossa capacidade de raciocínio, de lógica e de entendimento.
Logo após a perda da minha mãe, tive que retornar ao trabalho, e tudo me parceria tão difícil. O simples fato de atender ao telefonema de um fornecedor, era um martírio.
Trabalho com livros e precisava ler e reler, mas não conseguia compreender uma palavra sequer.
Prestar atenção em um filme? Era praticamente impossível!
Comecei a pensar se não estaria enlouquecendo…

O trabalho me cobrava, as pessoas me cobravam, a vida me chamava e eu…
Não sabia mais quem eu era, me sentia limitada e incapaz.

Foram momentos muito difíceis…

Felizmente aos poucos, fui retomando vagarosamente ao controle da minha vida.
A medida que minha cognição voltava ao normal, as “fichas começam a cair”.
A vida retomava, em contrapartida, a ausência gritava, a saudades dilacerava e as instabilidades entre as emoções aumentavam.
Uma batalha que parece não ter fim. E a verdade, é que não sei se tem mesmo.
Por isso, me conformei que estarei nessa luta enquanto viver…

O luto não tem nexo, é extremamente complexo, não existe linearidade e muito menos uma lógica.
Por isso te garantir, você não está enlouquecendo por sentir tudo que sente.
O luto mexe totalmente com a gente.

Minha reflexão é para que você não se aflija e não se espante com todas as oscilações que enfrentará nessa caminhada.
Tudo que está sentindo é legítimo e faz parte de um processo longo e tortuoso que todo ser humano que ama verdadeiramente alguém irá enfrentar um dia.

O importante é se conhecer, se acolher e jamais se deixar enlouquecer.

Você tem muito por fazer!
Não desista de você!

Com amor,
Rackel Accetti